Ciclo de vida de uma rede social e a “orkutização” do Facebook
Assim é o ciclo das redes sociais: Elas são criadas e divulgadas para um pequeno grupo de pessoas e estas são responsáveis por seus testes iniciais e por convidar seus amigos mais antenados. Estes são os Early Adopters, usuários que adotam tais redes mesmo antes de um boom muito grande.
Early Adopters costumam ser pessoas bem informadas que não testam novas tecnologia só pela curiosidade, mas também gostam de discutir sobre ela, apontar erros, acertos, e disseminar suas impressões.
Porque comecei falando deste seleto grupo que, segundo o pesquisador Everett Rogers, do Instituto de Pesquisa em Comunicação da Universidade de Stanford nos Estados Unidos, correspondem a 13,5% dos consumidores?
Foram estes que transformaram Orkut, Twitter, Facebook e outras inúmeras redes em febres instantâneas e acabam por criar um ciclo de vida das redes sociais, chegando a um ponto que criam um perfil em uma rede nova e acabam aos poucos abandonando a antiga por conta das melhorias tecnológicas e novas funcionalidades implementadas nas redes mais novas, decretando a “morte” da rede social antiga.
Vivemos na primeira década deste século o fenômeno do Orkut, em uma época que coincidiu com a inclusão digital no Brasil (com Casas Bahia e outras do gênero vendendo computadores básicos e medianos em várias prestações nos carnês e cartões de crédito) e chegamos ao ponto em que mais da metade desta rede era ocupada por brasileiros.
Chegando a segunda década, em meados de 2010 o Facebook começou a ter um crescimento bem interessante no Brasil e chegamos ao ponto em que tal rede já tem quase o mesmo número de usuários que o Orkut, chegando ao ponto atual em que os Early Adopters e usuários que já estavam na rede a algum tempo reclamam da “orkutização” do Facebook.
Chegamos ao ponto que eu queria, o termo “orkutização”. O que chamam de orkutização, leio como a invasão das classes sociais menos favorecidas a outras redes e prefiro chamar de “abrasileiramento” por pensar que isto nada tem a ver com uma rede social específica, mas sim com o perfil de usuários de nosso país.
As redes não são separadas por classes sociais, mas pela demora na adesão a elas. Os early adopters [..] sempre foram os pioneiros e não necessariamente mais ricos ou mais cultos. Com o Orkut foi assim, a mesma coisa com o Facebook e com o Twitter − pessoas menos ligadas à cultura digital chegam depois, mas não porque são incultas, burras ou pobres, e os “donos das redes” passam a ver novatos como intrusos.
Elis Monteiro
No dia de hoje postei em meu Facebook a seguinte frase: “Tá virando Orkut isso aqui, tô vendo cada coisa bizarra sendo compartilhada!”, usando o termo Orkut para me referir ao o que chamam de orkutização e medir a opinião dos amigos sobre o tema. Felizmente, tenho amigos bem engajados a minhas atualizações e que não hesitam em mostrar suas opiniões (obrigado a todos eles), e vi muitos deles reclamarem das mesmas coisas as quais eu me referia: diversos amigos postando cada vez mais conteúdo erótico/pornográfico, fotos de pessoas mutiladas, piadas de gosto estranho, pedofilia, preconceitos e intolerâncias mil.
Felizmente, o Facebook permite que o usuário cancele a assinatura das postagens de um amigo ou altere o tipo de atualização que será recebida de um amigo, o que acaba não promovendo a intolerância entre as partes com bloqueios e remoções da lista de amigo, e creio que isto vá ajudar tal rede a segurar seus usuários mais intolerantes evitando um fluxo para outras redes, mas até onde deve ir a noção de um lado e a tolerância do outro?
Ninguém é santo, que atire a primeira pedra quem nunca agiu por impulso ao compartilhar algo que achou engraçado e nem pensou na reação do outro lado.
Concluindo: tal modo de uso das redes sociais reflete muito o perfil do povo brasileiro, que é impactado todos os dias por falta de senso da imprensa, por jornais impressos e televisivos que só trazem notícias ruins e mostram apenas orgulho nacional no mundo esportivo (na copa do mundo todo mundo é patriota, já nos outros anos..) e assim é nosso povo. Se existe um culpado por isso é o baixíssimo investimento na melhoria da educação, sobretudo o ensino público, e o modo passivo como isso é tratado pelo povo que diz não gostar de política. Portanto a orkutização nada mais é que a entrada em massa do perfil do povo brasileiro nas redes sociais, que independente do nome sempre passarão por isso pois faz parte de seu ciclo de vida em terras tupiniquins.
Pra fechar, deixo claro que este post não tem a intenção de lhe dar uma opinião pronta e te mostrar como se portar nas redes sociais, mas sim despertar o debate e acender a chama para que esta discussão se estenda pelos comentários e possamos enriquecer uns aos outros.
E você, o que acha disso tudo? Estou ansioso aqui pelos comentários de vocês para animar esta discussão que tanto faz parte da vida de nós, seres digitais sedentos por informações!
Eu acho que isso só se inicia porque sabem que da certo.
Você ve milhares de compartilhamentos e centenas de comentarios neste tipo de publicação!!
A pessoa que cria isso, só cria, porque sabe que tem retorno.
Não adianta culpar quem cria, se o publico está lá, esperando para consumir!
Como você mesmo disse, a cultura brasileira tende a esse comportamento, infelizmente
Parabéns pelo post Guga Alves, reflete muito bem o que eu penso também sobre o processo de “orkutização do Facebook”. O brasileiro em sua grande maioria não está preparado ou não tem uma cultura digital responsável. Muitos esquecem que ao postar algo no ambiente online, você não tem mais controle sobre aquilo que é facilmente propagável. Postam pornografia, fazem comentários preconceituosos, usam palavras de baixo calão, entre outras coisas. Falta cultura digital pra uma grande maioria e isso é um processo que começa no offline, nas escolas, sejam elas públicas ou privadas. Ou nas próprias casas. Uma coisa é certa, muito tem que ser feito.
É isso mesmo Guga, concordo com você… Eu não vi nenhum post assim tão bizarro, mas percebi algumas tendencias, como aquelas imagens com uma frase e a flecha apontando pra foto do perfil, dizendo: Esta pessoa está cansanda de tal coisa´e por ai vai…
Bom texto, parabéns!
@idegasperi
Vou linkar seu post no meu blog ta?
abraços
Fique a vontade Samantha 🙂
O Facebook é mais uma mídia de entretenimento. Veja a TV. O que faz sucesso lá? Não precisa dizer mais nada, né? Quem não quer se “misturar” com o povão, tem que largar a rede e procurar outra, como fizeram com o Orkut. Eu só visito o Orkut para dar uma olhada em uma comunidade que eu participava e nada mais. Eu penso que o Facebook terá o mesmo fim um dia. Também odeio determinados posts e a poluição visual em que vem se tornando o Facebook, mas vou usando até que não me satisfaça mais… e assim, as redes vão nascendo e morrendo.
Interessante é o Twitter, né? Este, embora menos popular, acredito que vá durar ainda um bom tempo, exatamente por não estar se “orkutizando”.
Não concordo que seja apenas mais uma mídia de entretenimento, pois é possível manter relações concretas com pessoas que já conhecemos em nosso círculo pessoal. É totalmente possível fazer um uso mais pessoal de uma rede social, descaracterizando o intuito apenas de diversão.
Concordo que uma grande massa de usuários a utilize apenas para isso, mas não é só por isso que podemos a comparar com a televisão, pois na TV não há uma comunicação direta entre o emissor da mensagem e o receptor da mesma, como temos numa rede social.
Seja no Facebook ou no Twitter, você apenas recebe as mensagens daqueles que opta por receber e se não quiser tais mensagens basta cancelar o feed da pessoa ou a excluir de sua rede, já na TV não é optativo o que você verá na programação no horário em que você está na frente dela, você apenas escolhe por pacotes prontos.
Melhor eu também dizer que não estou discriminando o povão, pelo amor de Deus! A Rede está aí para todos usarem e os incomodados que se mudem. Acho que sobretudo temos de respeitar as ideias e a cultura de cada um.
Guguitcho!! Adorei seu texto, e concordo com seu ponto de vista. Infelizmente, as pessoas têm a cultura de compartilhar a desgraça. Nossos jornais e noticiários dificilmente promovem a cultura e as coisas boas da vida, portanto, isto acaba se refletindo nos meios em que as pessoas podem mostrar sua opinião.
Como ainda somos muito suscetíveis aos meios de comunicação de massa, o que vemos é reflexo do que o povo consome na mídia. Sou muito grata à esta nova era digital, onde podemos escolher o conteúdo que queremos consumir e diminuir a influência e o poder que os meios de comunicação de massa têm sobre nós!
Acho que é isso… Forte abraço querido!
Beijokas ;*
Sam
Parabéns pelo texto. Concordo com você e com o Ricardo. Acredito que falta uma educação digital ao povo brasileiro, mas isto é reflexo da educação que o usuário tem. Ainda temos muito que aprender.
Eu acho que cabe, sim, um modelo de como se ‘portar’ na rede social. Se estamos falando de Facebook, mais fácil ainda tentar educar a maioria com as boas práticas. Se de tudo não der certo, a melhor coisa é usar o recurso que o Facebook tem (diferenciando-se dos outros) de poder reportar fotos impróprias ou conteúdos que não são apropriados.
Essa filtragem vai ajudar não só a timeline de um usuário, mas também o Facebook a se livrar de pessoas que não sabem usar de forma adequada ou não tem noção das coisas
Perfeito Ique,
você tocou num ponto que não me atentei em citar na matéria, a possibilidade de se denunciar este tipo de conteúdo!
Guga, adorei conhecer o site e ler o texto.
Falta sim cultura digital e educação formal ao nosso povo, que repete no meio virtual os despropósitos culturais brasileiros. Vejo que isso já vem ocorrendo inclusive em alguns grupos do Linkedin com discussões repetitivas e desrespeitos entre os usuários. Em se tratando do Facebook penso que o melhor é assumir responsabilidade pelo conteúdo que está sendo compartilhado, dar um toque para o “amigo” e, em último caso, denunciar mesmo como sugeriu o Ique. Não dá simplesmente para abandonar as redes sociais e abrir mão de todas as possibilidades que são oferecidas.
Há algum tempo venho refletindo e pesquisando sobre os impactos dessa migração de usuários para o Facebook, e inclusive já escrevi sobre isso. De fato, muita coisa mudou com a chamada “orkutização”. Mas o que mais me chamou a atenção no post foi justamente a observação de esse comportamento não ser “orkutizado”, mas sim tipicamente “abrasileirado”. O verbo “orkutizar” nada mais é do que uma maneira fácil de traduzir as mudanças.
Concordo quando diz que a disseminação de conteúdo impróprio ou de baixa qualidade é um simples reflexo do que é absorvido na mídia. Exemplifico seu pensamento através do jornal impresso Super Notícia, que chegou a superar a Folha de SP em circulação no país. Todos os dias, na capa, o que vemos é uma foto sensual de uma mulher e uma manchete gigante noticiando alguma tragédia, da forma mais banalizada possível.
Resultado: Quando o “povão” tem a oportunidade de se expressar numa mídia social de forma mais dinâmica, como é no Facebook, o que compartilham? Fotos de cadáveres, pornografia e piadas de mau gosto. Isso sem contar as repetidas publicações de conteúdo gerado por fanpages vinculadas a algum personagem forte na mídia, como as do Pânico. Muitas pessoas, infelizmente, fazem do seu perfil na rede um simples espelho do que absorvem dos grandes veículos. Reproduzir conteúdo é normal, mas se torna um problema quando não há NADA de original em suas postagens.
Mas isso faz parte, é a vida off-line se refletindo na on-line. Gostei muito do artigo, parabéns!
Guga, sobre o seu post: “Não concordo que seja apenas mais uma mídia de entretenimento, pois é possível manter relações concretas com pessoas que já conhecemos em nosso círculo pessoal. É totalmente possível fazer um uso mais pessoal de uma rede social, descaracterizando o intuito apenas de diversão.” lá vai minha opinião:
O orkut servia perfeitamente para esse fim (e ainda serve). Eu mantenho o meu intacto (assim como muitos dos meus amigos), pois quando migrei para o face o achei mais invasivo e, como o Guttemberg mencionou, também percebi que se tratava de mais uma mídia de entretenimento. Não entendo (mesmo vc tendo explicado) o pq do termo “orkutização”, já que no orkut não há esse mecanismo de postagem, com isso, não somos obrigados a ver publicações desagradáveis (no máximo o que acontece são aqueles scraps coletivos). O orkut serve para vc se expressar através de um texto no perfil (que tenha a ver com o seu momento), de uma música, de uma frase no status, de suas comunidades e para vc MANTER RELAÇÕES CONCRETAS atráves dos scraps e depoimentos.. ou seja: o orkut permite que façamos um uso da rede muito mais pessoal do que o facebook…
No face é tudo muito efêmero: vc publica todo dia o que vc pensa, o que vc está fazendo, o que vc está comendo, uma foto, um vídeo, uma música.. e quando vc vai ver, tudo já foi “engolido” pelas postagens do dia seguinte.. Não tem como vc manter nada concreto, nem mesmo relações, que acabam “magoadas” com alguma opinião sua.. enfim.. Eu, particularmente não gosto! Acho que o twitter desempenha muito bem a principal função do facebook que são as publicações e o compartilhamento. O resto, encotrono orkut!!!
O que aconteceu com a migração para o face é que o orkut ficou mais “limpo” e mais seleto… Me sinto no Early Adopters.. rsrs. E sonho com a ressuirreição da rede pioneira..
Ótimo post. Compartilhado no twitter (que nao deve conseguir ser orkutizado… pelo menos não no curto rpazo! rs!.
eu sou apaixonada por redes sociais ,tenho ate redes internacionais ,tenho tantas que ate esqueço dos nomes que tenho… tenho sites e blogs sou fanatica por esse mundo…e agora estou estudando sobre midias sociais.Recebo elogios de gregos e americanos, elogios dos meus posts e conteudos dos sites..rsrs..muita doideira minhas redes… minhas filhas me chamam de eliane.com…
“Orkutização”…
Olá meu caro, gostei da abordagem, mas vamos lá:
Galera, sem “piração” e análises mirabolantes.
Tudo isso que ocorre na internet e no mundo off-line é o seguimento natural das coisas. Redes sociais não deixam de ser um produto, e pra quem estudou um pouquinho de marketing ou mercadologia, sabe que todo produto tem um ciclo de vida (nasce, desenvolve-se, declina e morre).
Concordo que algumas atitudes e tendências são sim inerentes a um povo e suas culturas, mas querer apontar isso como um mal para uma simples rede social, aí já vejo muita “viagem”.
O Facebook está em sua fase de desenvolvimento, portanto é normal vermos essa enxurrada de conteúdos (relevantes ou não) serem publicados. Mas isso não é porque tem brasileiro usando, ou japonês e blá blá blá, mas simplesmente por estar tendo mais pessoas participando da rede.
Outra coisa, não existem “relacionamentos concretos” em redes sociais, tudo que vemos é uma projeção da realidade que se distorce num ambiente virtual. Se alguém tiver mais de 200 AMIGOS na vida real eu bato palmas pela sua capacidade de aceitação social.
Concordo em muito com que a Mônica abordou, lembrando que não sou pago para defender uma ou outra rede social.
Se analisarmos as redes em usabilidade, privacidade, intuitividade entre outros critérios, o Facebook ainda perde muito para outras redes e até mesmo para o Orkut (devido a essas questões é que estão ocorrendo essas mudanças frequentes).
Twitter é uma ferramenta que “pegou” para empresas e/ou indivíduos com alguma notoriedade, mas em termos de utilidade e serviço para usuários em geral, ainda não se vê efetividade.
“Modelo de como ser portar em uma rede social”… pessoas, que viagem!!! Isso já tem em todas as redes ou nas maiores, é disso que trata aquele link TERMOS lááááá no rodapé da página.
Concluindo, as redes sociais estão aí, nascendo e morrendo, cada um é quem delimita até que ponto é ou não importante a sua utilização.
Abraços e sem crises…
Até parece que só os “desantenados” postam lixo.